sábado, 19 de abril de 2014

PÁSCOA: O AMOR VENCEU A MORTE


PÁSCOA DO SENHOR
NOVA CRIAÇÃO NOVO ÊXODO


Hoje ressoa na Igreja o anúncio pascal: Cristo ressuscitou; ele vive para além da morte; é o Senhor dos vivos e dos mortos.
Na “noite mais clara que o dia” a palavra onipotente de Deus, que criou os céus e a terra e formou o homem à sua imagem e semelhança, chama a uma vida imortal o homem novo, Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho de Maria.

Realiza-se a grande e secreta esperança da humanidade

Nele, a semente da vida divina, depositada inicialmente na criatura, atinge a uma maturação pessoal, única, porque nele habita a plenitude da divindade, a do Filho Unigênito. A humanidade vê realizada, por dom de Deus, a grande e secreta esperança: uma terra e céus “novos”, um mundo sem luto e sem lágrimas, paz e justiça, alegria e vida sem sombra e sem fim.
Tudo isto, porém, não é visível; só aos olhos de quem crê é dado discernir os traços da nova criatura que se está formando na obscuridade e no trabalho da existência terrena. A morte é vencida pela morte livremente aceita por Jesus; mas ela continua a agir até que tudo seja cumprido. O pecado é vencido pelo sacrifício do inocente; mas o “mistério da iniqüidade acompanha a existência humana até o último dia. No Senhor ressuscitado, a morte e o pecado encontram um sentido aceitável, inserem-se num desígnio cheio de sabedoria e de amor, não mais causam medo, porque pertencem ao velho mundo de que fomos libertados.

Um povo de homens livres para a vida

Ao contrário da vida natural, que nos é dada sem nosso consentimento, na nova existência só se pode entrar com uma adesão consciente e livre à proposta de renascer através da conversão e do batismo. (Isto é evidente no caso dos adultos; quanto às crianças, batizadas na fé dos pais e da comunidade, o caso é análogo ao primeiro dom da vida, em que a resposta pessoal amadurece graças à educação).
Assim, para cada um dos que crêem, a Páscoa é a passagem de um modo de viver para outro; é saída do Egito e imersão no mar vermelho e caminho pelo deserto até a terra da promessa. Em uma palavra, é o êxodo “deste mundo ao Pai” (cf Jo 13, 1; Lc 9, 31), em seguimento do Cristo, cabeça do novo povo, animado pelo sopro da vital do seu Espírito. Batizados na sua morte e ressurreição, devemos começar a “caminhar em novidade de vida” de filhos de Deus. O nosso “êxodo” coincide com a duração da vida, até a maturidade, até a última “passagem” da morte; o nosso crescimento se dá conforme a correspondência à lei da vida divina em nós, isto é, do amor. Aqui está toda a moral “pascal”; não numa série de preceitos, mas num só mandamento, formulado para cada pessoa e para cada comunidade na variedade das situações de um diálogo incessante entre o Pai e os filhos; encontrando nossa alegria, como Cristo, na sintonia com os seus planos de salvação; abandonando para trás, como Cristo, as formas caducas da religiosidade natural, para viver na fé, oferecendo toda a nossa pessoa como sacrifício espiritual; como Cristo, fiéis ao Pai e fiéis ao homem.

O homem novo, segundo o plano de Deus

Porque “o homem novo é o homem verdadeiro, assim como Deus o concebeu desde toda a eternidade, é o homem fiel à vocação de homem. O homem novo não é “outro” homem, alienado da condição terrestre para ser posto num paraíso qualquer. A oposição se acha entre o pecado e a graça; o homem velho vive na ilusão de poder realizar seu destino recorrendo unicamente a seus recursos; o homem novo realiza perfeitamente a vontade de Deus, único que pode admiti-lo à condição “filial”; sabe que o conteúdo da sua fidelidade à vocação recebida reside na obediência à condição terrena até a morte; sabe que este “sim” de criatura constitui o suporte necessário do “sim” do filho adotivo de Deus”(J. Frisque).
Esta é a “novidade” de que os cristãos são “testemunhas” no mundo.


 Missal Dominical