A beleza da nossa vocação de consagração requer que aprofundemos sempre
mais o nosso caminho de interioridade e comunhão com Deus, para conseguirmos
ascender, pela contemplação da beleza do nosso carisma aquela Beleza que é Deus
próprio (cf. Sl 27,4). É uma busca para descobrirmos em nós as sementeiras da
beleza divina
, aquela beleza que Deus inscreveu em nosso ser desde a
eternidade e, assim, fascinadas, transmiti-la a nossos irmãos, de
tal modo que todos reconheçam terem sido plasmados à imagem e semelhança do
Pai, “Beleza infinita”, como disse Santo Agostinho.
O vocábulo hebraico
que traduz a palavra “belo” é “tob”, que também significa “bom”. Assim é belo o que é bom. Indica também
o trabalho de um escultor, capaz de extrair, trazer para fora, uma bela estátua
de um tronco informe e bruto de madeira. Aquela obra-prima é “tob”, algo que
provém do tronco, mas ao mesmo tempo dele se distancia, é algo profundamente diferente,
é uma obra de arte!
“
Deus viu o que havia feito, e viu que era muito bom” (Gn 1,31), foi ao criar o homem que a criação de
boa passou a ser
muito boa. A
expressão bíblica não é um simples juízo estético sobre a criatura humana, é
muito mais, é um imperativo: Adão
deve
ser muito belo,
deve chegar ao cume
de tal beleza. É um caminho gradual para sermos muito bons (ou boas), sermos
belos (belas), a ponto de alcançarmos a total parecença com Deus. Nas fibras de
cada pessoa está inscrito o chamado a fazer da própria vida uma obra-prima, uma
imagem conforme aquela querida por Deus, como que retirando tudo que entulha
essa beleza divina que já trazemos em nós.
Temos consciência de
que a beleza, a qual somos chamadas a testemunhar, como consagradas, deve ser,
antes de tudo, acolhida na contemplação da única Beleza que é o Cristo, Ele que
restitui a beleza primitiva perdida pelo pecado na história humana. Dostoievski
nos ajuda a contemplar a beleza de Cristo:
“No
mundo existe somente uma figura absolutamente bela: é Cristo! A manifestação
desta figura infinitamente, incomparavelmente bela, é certamente um milagre sem
par: a Encarnação é a manifestação da beleza. Os discípulos reconheceram como
divina esta carne radiosa, deram testemunho nos mais cruéis suplícios a
felicidade de levar em si mesmos esta carne, de imitar a perfeição desta figura
e de acreditar no Cristo Encarnado. É pelo mérito deles que a terra foi
santificada”.
Somos chamados a
irradiar a Beleza de Cristo em qualquer lugar onde estivermos, em continuidade
com a missão dada aos Apóstolos.
Ir. Lorena Belinovski